Em uma pesquisa ultra-secreta realizada na Inglaterra, um grupo de 100 voluntários tentou prender a respiração durante o maior tempo possível, mas o máximo que um deles conseguiu foi um minuto sem respirar. Então, em uma nova bateria de testes, os cientistas colocaram estes mesmos voluntários em uma câmara vedada e fecharam o fornecimento de oxigênio ou qualquer outro tipo gasoso. Cinco voluntários desmaiaram antes de completar os sessenta segundos. Percebeu-se então que o vício da respiração, como o vício em qualquer outra substância, como os narcóticos, o álcool e até mesmo o cigarro, causava sérios danos quando cortado abruptamente. A dependência pode causar efeitos devastadores sobre a vontade do indivíduo. Quem se arrisca a praticar qualquer exercício físico ou mesmo uma caminhada mais longa, percebe a necessidade de respirar de forma ofegante, com aquela expressão de satisfação enquanto o ar invade seus pulmões.
Respirar é reconfortante e acabamos aceitando este vício de forma tão aberta e inquestionável que não nos envergonhamos ou questionamos a sua real necessidade. Talvez pela facilidade de conseguir uma boa respirada, pela ausência de atravessadores, de impostos, de um mercado paralelo (por enquanto) que nos forneça a dose diária para nossa satisfação.
Esta pesquisa na Inglaterra, uma entre tantas que já foram empreendidas e esquecidas em diversos centros científicos ao redor do globo, vem em um momento dos mais importantes para a nossa permanência no planeta. Se não acabarmos com esse vício, nas próximas décadas seremos reféns de grupos comerciais que venderão ar respirável e engarrafado para poder substituir nossa atmosfera que está sendo alterada pelo bom progresso das nossas indústrias, dos nossos automóveis e até mesmo pela alcatra e pelo filé mignon. Pois já é comprovado que os quadrúpedes e ruminantes, antes de se tornarem aquele belo e saboroso bife, são os campeões da flatulência e expulsam seus gases corporais pela saída da retaguarda com tamanha habilidade que esses gases habitam mais a atmosfera do que os expelidos pelos nossos bons automóveis.
E é nessa encruzilhada em que nos metemos: cancelamos o churrasco e o progresso ou começamos a armazenar ar puro engarrafado na despensa?
(publicada no Plural do Notícias do Dia, 12/7/08. p.3)
Aleph, ótima cronica! Realmente, respirar está se tornando um dos vícios mais tenebrosos da humanidade. Abaixo o oxigênio!
isso mesmo aleph, muito bem colocado!
a respiração é algo tão banal quanto a flatulência. o problema da inflação, por exemplo, não existiria se não fosse por esse vício mesquinho da alimentação. hoje em dia é muito mais importante e elegante se deslocar que ingerir alimentos.
porque não deixam mais beber álcool e dirigir? obvio, o álcool é feito para alimentar os carros!
É isso aí Vidal, senão daqui a pouco acaba o oxigênio e daí eu quero ver no que vai dar. Todo mundo com crise de abstinência pelos cantos!
Bem colocado Dieguito! Todos esses vícios que assolam nossa espécie, além da respiração a alimentação e a flatulência e a transpiração. Temos que rever nossos valores.
por vezes me parece um milagre que esse planeta ainda seja habitado, caraca, a natureza é forte, realmente.
é alvarêz, mas qualquer hora ela nos dá o troco, igual um animal que chacoalha as costas para espantar as pragas que tentam subir em seu cangote!
Olá,
sou repórter da revista TPM (a Trip Para Mulher) e gostaria de saber mais sobre essa pesquisa para uma matéria que estou fazendo. Você poderia me ajudar?
Beijos, Ariane.
Ariane,
Não tenho certeza se tal pesquisa foi realmente feita, mas no caso do meu texto é apenas ficção 🙂