Poesia Modernista

Falar sobre a poesia de Rubén Darío e Leopoldo Lugones sempre me deixa embaraçado. O beletrismo fin de siècle desses dois foi motivo de uma das piores aulas que assisti na pós-graduação. Eu gostaria de dizer que minha indisposição naquele dia havia sido em decorrência do risoto ou do misturado de vegetais do RU, mas não estava nem perto de encontrar a causa da minha dispersão, do mal-estar ao me deparar com a cópia do Intermezzo Tropical do Darío. Quando cheguei ao início da segunda estrofe, ao ler estupefato a linha “Es la isla de Cardón, em Nicaragua” algo me atingiu em cheio no estômago, que já ardia há semanas. Lembrei de Nicaragua, tan violentamente dulce, de Cortázar e da ilha fantástica de Morel, que coloquei na cabeça, naquele momento de delírio, eram a mesma ilha. Corri para o banheiro sem conseguir enfrentar meus colegas, que provavelmente hipnotizados pela explicação da Dra Scramin não perceberam minha artimanha. Lavei o rosto com água gelada e repeti em voz alta, em frente ao espelho: “destruir um edifício não significa abandonar um terreno”. Para não estabelecer o sentido último das coisas, passei pelo bebedouro e me refresquei um pouco enquanto pensava na angustiante noção de tempo cíclico do barroco, no mundo decadente a beira da extinção. Pensei determinado, bravo com minha dispersão: “O novo homem é um coletivo”. Respirei fundo e regressei à pequena sala, preparado para retomar meus planos. A lógica do ocidente, afinal, sempre foi negar ao adversário uma próxima chance, pensei enquanto enfiava a mão através do zíper da minha mochila e armava o mecanismo regressivo.

1 thought on “Poesia Modernista

  1. All men are islands. And what’s more, this is the time to be one. This is an island age. A hundred years ago, for example, you had to depend on other people. No one had TV or CDs or DVDs or home espresso makers. As a matter of fact they didn’t have anything cool. Whereas now you can make yourself a little island paradise. With the right supplies, and more importantly the right attitude, you can become sun-drenched, tropical, a magnet for young Swedish tourists.

    I am an island. I am bloody Ibiza!

    Gosto muito desse filme/livro. Assim o do Bioy Casares.

    http://www.imdb.com/rg/s/1/title/tt0276751/

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