E era durante o sono que as idéias passavam pelos meus olhos, pelas costas dos meus globos oculares, como uma miragem ou um filme disforme. Enquanto estava desperto, lutando para manter as pálpebras abertas e para ter idéias pertinentes e bem estruturadas, não conseguia resolver as questões, então o inevitável ocorria e era tarde demais, eu já pertencia à outra realidade e as respostas vinham rápidas como flashes e quando acordava, por mais rápido que tentasse pegar uma caneta ou avançar sobre o teclado, meu sorriso de compreensão se esvaia com a mesma facilidade com que minhas pesadas pálpebras haviam caído momentos atrás. E este processo se repetia à exaustão e não havia progresso algum. A compreensão do assunto era a conta-gotas. Algumas palavras, frases, parágrafos, páginas e lá vamos nós, o esquecimento e a verdade vislumbrada por alguns microssegundos. E assim não havia muito a ser feito, além de tentar romper o ciclo, não dormir ou então tentar registrar os flashes a tempo.