Estava no ônibus lotado e não conseguia deixar de ouvir conversas ao redor, sem ver seus autores. Ouvi um homem sussurrar: “provavelmente teremos que extrair” ao que seu colega respondeu: “não há necessidade de avisarmos o supervisor”. Atrás de mim, uma mulher falava: “qual a distância, por que você não me chamou?” e alguém respondia, com uma voz chorosa: “não houve tempo, as luzes estavam se apagando, você sempre ridiculariza nosso método”. Mais ao fundo, com esforço, ouvi isso: “você tem certeza da inclinação, conferiu no manual?” e eu tinha certeza que uma voz respondia, do outro lado do ônibus: “quietos, ele está nos ouvindo”. Aquilo me atingiu em cheio, não poderiam estar falando de mim, mas não consegui evitar o nervosismo. Silêncio durante longos minutos, até que ouvi alguém falar: “ele está perto da saída”. Comecei a suar frio, não havia escapatória. Meu ponto de parada estava chegando e eu me arrastava entre passageiros de pé, que dificultavam minha passagem. Gritei desesperado: “a morte se esconde nos relógios” enquanto consegui me desvencilhar e pular para a porta de saída.
Pessoas me deixam cada vez mais incomodado. Não confio nelas. É bom que vc esteja atento também, mesmo.
Continue o bom trabalho, mas não deixe os outros lerem seus pensamentos, eu odeio quando eles entram na minha cabeça.
🙂 Ótimo texto, Alephito!!!
hahaha! Muito bom. Aliás, excelente blog. Acabo de incluir na minha lista, o que já devia ter feito há tempo. Abz!
@Rodrigo: obrigado pelo conselho. Comprarei uma ratoeira 🙂
@Dauro: obrigado pela visita e pelo link, já estou retribuindo. Acompanho sempre seu blog também 😉
Massa este teu texto.
Sabe que tenho mania de ficar ouvindo pedaços de conversas pelas ruas? Outro dia fui com caneta e papel na mão. Anotei um monte de diálogos e até monólogos. Divertido isso. Dá boas histórias.
@Damião Santana: ah, também adoro pedaços de conversas entreouvidas 🙂